Fascite plantar é um processo inflamatório ou degenerativo que afeta a fáscia plantar, uma membrana de tecido conjuntivo que recobre a musculatura da sola do pé.
É importante não confundir a fascite plantar com o esporão do calcâneo. São duas patologias diferentes, embora possam ser desencadeadas por lesões muito semelhantes: microtraumatismos e inflamação crônica na região do calcanhar, nas proximidades da inserção do tendão de Aquiles. No caso específico do esporão, surgem depósitos de cálcio abaixo ou atrás desse osso, eles formam saliências parecidas com ganchos que lembram as esporas dos pés dos galos. Esporões do calcâneo podem provocar uma dor aguda, em pontada, que piora com o movimento e melhora com o repouso.
Geralmente, a fascite plantar é um transtorno de bom prognóstico, mas a recuperação costuma ser bastante lenta.
Causas da fascite plantar
A fáscia plantar ajuda a manter a curvatura do pé firme, graças à sua capacidade de amortecer e distribuir o impacto. Ainda não se conhece a causa exata da fascite plantar, mas na maioria dos casos, a dor forte característica do transtorno é provocada pelo estiramento excessivo da fáscia plantar ou pela repetição de microtraumatismos nessa estrutura.
Estudos recentes têm demonstrado que a dor pode estar associada a uma alteração estrutural mais condizente com processos degenerativo causados pela prática exagerada de exercícios físicos, sobrepeso ou idade.
Sintomas da fascite plantar
O sintoma característico da fascite plantar é uma dor forte, em facada, debaixo do pé, perto do calcanhar. Em geral, essa dor é mais intensa pela manhã, mas alivia durante o dia com o caminhar. No entanto, nada impede que ela surja em qualquer ponto da fáscia, depois de longos períodos em pé, depois de subir escadas ou mesmo depois de ter repousado um pouco.
Inchaço e vermelhidão são outros sinais que podem estar presentes.Pessoas com essa condição podem apresentar também dificuldade para trazer a ponta do pé na direção da canela.
Sem tratamento, a dor pode se tornar crônica e provocar alterações na marcha, que revertem em lesões no joelho, quadris e coluna.
Fatores de risco da fascite plantar
A doença se manifesta principalmente entre os 40 e os 60 anos e pode afetar tanto homens como mulheres. Pessoas com sobrepeso, atletas — especialmente os corredores — bailarinos, ginastas, têm maior risco. Mulheres que usam sapatos com saltos muito altos com frequência estão mais sujeitas a desenvolver essa condição.
Encurtamento do tendão de Aquiles, localizado na parte de trás da perna e que liga os músculos da panturrilha aos ossos do calcanhar. Em geral, isso pode acontecer em decorrência do enrijecimento do músculo da panturrilha ou do uso frequente de sapatos com saltos muito altos ou sem o suporte adequado para amortecer os choques contra o osso calcâneo.
Diagnóstico de fascite plantar
Em um primeiro momento, o diagnóstico de fascite plantar é clínico e leva em conta as particularidades dos sintomas e os fatores de risco. Exames de raio X e ultrassom podem ser úteis para estabelecer o diagnóstico diferencial com esporão do calcâneo, metatarsalgia, tendinite tibial posterior e microfraturas ósseas.
Tratamento da fascite plantar
O objetivo do tratamento da fascite plantar é reduzir a inflamação, aliviar a dor e habilitar o paciente para retomar suas atividades rotineiras.
Grande parte dos pacientes com fascite plantar se beneficia com o tratamento conservador, que inclui repouso, aplicação de gelo no local e sessões de fisioterapia para promover o alongamento de estruturas, como a própria fáscia plantar, o tendão de Aquiles e os músculos da panturrilha.
O uso de palmilhas ortopédicas visando à melhor distribuição do peso corpóreo sobre os pés e de órteses noturnas para evitar o encurtamento do arco e manter a fáscia plantar alongada durante a noite são recursos não farmacológicos que podem ser benéficos.
Quando necessário, o tratamento farmacológico inclui a prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides, a aplicação de toxina botulínica e a infiltração com anestésico ou com corticosteroides diretamente na região de maior dor na sola do pé.
A cirurgia para liberação da fáscia plantar só é indicada quando os outros recursos terapêuticos não produzem mais resultados.
Reserve os calçados com saltos muito altos para ocasiões especiais e use por pouco tempo. No dia a dia, prefira sapatos com saltos mais baixos, que não estejam largos nem apertados demais, nem que tenham a sola muito fina ou muito gasta.
Para reduzir a inflamação e aliviar a dor
Massageie a sola dos pés com uma bolinha do tamanho aproximado das bolas de tênis, movimentando-a em todas as direções.
Para alongar e fortalecer a fáscia plantar
Sentado numa cadeira, recolha do chão bolinhas de gude ou rolhas de garrafa utilizando apenas os dedos dos pés.
Para alongar e fortalecer os músculos da panturrilha
Pise na borda de um degrau com as pontas dos pés alinhadas e vá baixando apenas a parte dos calcanhares para fora do degrau, o máximo que conseguir, sem forçar muito. Permaneça nessa posição por alguns segundos. Depois volte à posição inicial e relaxe a musculatura.